Mayo 11, 2004: agencia ConstruNews, Brasil.

Série Temas Patrulhados (7)

A Revolução de 64 e o esquecimento de sua razão de ser

No 40o. aniversário, o levantamento cívico-militar foi largamente comentado, mas a sua causa profunda, inexplicavelmente omitida, afirma Lindenberg

* No 40o. aniversário da Revolução de 31 de março de 1964, que depôs o presidente esquerdista João Goulart, o histórico episódio foi comentado, discutido e esmiuçado em dezenas de artigos e livros, a causa principal do movimento de 64 foi silenciada de maneira quase unânime por seus detratores, e também por não poucos de seus simpatizantes, constata Adolpho Lindenberg em artigo da Série Temas Patrulhados.

* Lindenberg é autor do livro "Os católicos e a economia de mercado", em que denuncia uma política com viés esquerdista que censura, marginaliza, "patrulha" ou encobre com um manto de silêncio, opiniões "politicamente incorretas", não afinadas com as ideologias de esquerda.

* Neste artigo sobre a Revolução de 64, o autor explica que a sua causa profunda esteve nos rumos cada vez mais esquerdizantes do governo Goulart e na crescente reação do povo brasileiro contra tais rumos; e que as Marchas da Família com Deus e pela Liberdade expressaram bem a inconformidade não somente da classe média, mas da grande maioria da população brasileira para com a comunização do país.

* Se a Revolução não tivesse ocorrido, tudo indica que nosso país teria evoluído para um regime socialista, à semelhança da Cuba castrista, ou do Chile de Allende, continua o autor, acrescentando que as "reformas de base", incluindo uma radical reforma agrária, a política de estatizações e a "demonização" dos Estados Unidos, teriam sido apenas os passos iniciais de um vasto programa de socialização do país.

* Tudo isso, não só com o apóio das lideranças mais radicais, mas também com as "bênçãos" da chamada "esquerda católica". É o que se depreende da ideologia e das metas de figuras exponenciais da era janguista, a começar pelo próprio presidente Goulart, mas também por figuras civis e eclesiásticas de destaque na época, como Leonel Brizola, dom Hélder Câmara, Francisco Julião e outros.

* Pelo inegável apoio e participação de todas as camadas da população com que contou, a Revolução de 64 não pode ser reduzida a um "golpe militar", como pretendem as esquerdas, nem tampouco identificada inteiramente com os rumos e atos do regime militar que lhe sucedeu, ou desqualificada pelos censuráveis atos de torturas acontecidos durante esse regime.

* Entre outros esquecimentos a respeito da Revolução de 64, o articulista constata que os analistas brasileiros que neste 40o. aniversário abordaram o tema, não fizeram sequer uma referência ao papel fundamental do movimento Tradição, Família, Propriedade na criação do clima ideológico e psicológico, na opinião pública brasileira e católica, que levou à Revolução de 64. O referido silêncio - talvez se pudesse falar até de "patrulhamento" - contrasta com diversos estudos de "brasilianistas" estrangeiros publicados ao longo dos anos, muitos deles de esquerda, que tiveram a honestidade intelectual de reconhecer esse papel fundamental da TFP.

* A difusão do livro "Reforma Agrária - Questão de Consciência", escrito por Plinio Corrêa de Oliveira em colaboração com dois bispos e um economista, e as públicas polêmicas dessa entidade com membros da ala esquerda do episcopado e da Ação Católica, tiveram tal relevância que a elas aludiu o presidente Goulart, em tom amargo, em discurso televisionado ao País, um dia antes de sua queda.

* O esquecimento da causa profunda e do contexto histórico nacional em que se deu a Revolução de 64 poderá trazer sérios prejuízos à chamada "memória histórica" do Brasil, pois as novas gerações se verão afetadas por uma espécie de "lacuna" ou "amnésia" a respeito desse período, ou, na melhor das hipóteses, passarão a serem (des)informadas por uma visão profundamente distorcida desse processo, conclui Lindenberg.

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