O perigo das minorias fanatizadas
Adolpho Lindenberg (*)
1. O noticiário sobre os protestos de rua promovidos pelo PT e pelos movimentos sociais está sendo apresentado pelos jornais como se fossem expressões autênticas de um desagrado crescente da opinião pública para com as medidas saneadoras do Governo Temer. A diferença entre aquilo que os jornais apresentam e a realidade é tão grande, que causa estarrecimento.
Como explicar que as fotografias das passeatas focalizem, na maioria dos casos, apenas a linha de frente dos protestos e não as tiradas por via aérea, indicando o pequeno número de manifestantes? Qual a razão de informarem apenas os números de participantes avaliados pelos seus organizadores e não os avaliados pela Polícia? Qual a razão de noticiarem com destaque as marchas petistas ocorridas em todas as capitais de estado, sem apontar que em algumas delas o número de presentes não passou de 100?
Na realidade aqueles que lamentam a saída da Dilma são poucos - em torno de 10 % da população -, mas isso não impede que essas minorias petistas estejam agindo organizadamente, obedientes às palavras de ordem, e com um tipo de barulho mediático que pode impressionar os incautos. Esse fato é perfeitamente compreensível, pois o PT, como todos partidos revolucionários, possui quadros de afiliados fanatizados, disciplinados e barulhentos, que, por sua vez, passam as palavras de ordem a outros movimentos revolucionários como a CUT, MST, MSTE e UNE.
Essa articulação que inclui não pequenas doses de tapeação, lhes permite ações de grande efeito público: greves, manifestações de desagrado para com as privatizações do governo Temer, críticas ao establishment, ao capitalismo e à nossa suposta subserviência para com os EE.UU.
Isso nos faz lembrar os primórdios do nazismo. No início da década de 30, Hitler foi derrotado nas urnas. Mas, após a piora da situação econômica na Alemanha e dos conflitos entre o Partido do Centro e os monarquistas, suas falanges, de início pouco numerosas, formadas por fanáticos aguerridos e organizados, conseguiram atrair a simpatia da opinião pública e ele foi eleito Führer com mais de 90 % dos votos.
Então uma pergunta decisiva é se haverá perigo de que povo brasileiro, em seu íntimo pacífico e avesso ao comunismo, seja seduzido pelos discursos de Dilma e outros líderes de esquerda, misturando sentimentos de auto compaixão e promessas de uma oposição sistemática e virulenta às reformas projetadas pelo novo governo?
No momento, não parece que isso esteja acontecendo. Mas se as reformas econômicas não forem implantadas, se aparecerem rachaduras na base aliada, e se o repúdio popular ao PT se diluir, começarão à formar-se nuvens negras em nosso céu. O que fazer?
Entre as diversas medidas cabíveis no momento podemos destacar as seguintes:
1. Alertar a opinião pública pela semelhança ideológica do PT e dos movimentos sociais com os regimes vigentes em Cuba e na Venezuela. A realidade nua e crua é que e os movimentos sociais são heranças da mentalidade marxista dominante nos sindicatos, na UNE e nas comunidades de base fundadas e apadrinhadas por sacerdotes da Teologia da Libertação.
2. Lembrar à população de que a necessidade de implantar reformas impopulares é consequência dos desmandos do governo anterior, e não da adoção de políticas saneadoras que venham a ser adotadas pelo novo governo.
3. Criar efetivos canais de informação e defesa das medidas saneadoras, para impedir que marchas, greves, panfletagens de origem petista, e difusão de mentiras nas redes sociais, consigam levar o povo à esquecer dos roubos, das falcatruas e das sem-vergonhices ocorridas ao longo dos últimos treze anos de governo petista.
4. Agir dentro da lei e da ordem, no terreno informativo, apresentando ao público a necessidade de que a Operação Lava-jato continue a atuar livre de ingerência por parte dos políticos.
5. Começar à pensar na escolha de um candidato de alta postura política, capaz de galvanizar a opinião pública e vencer as eleições de 2018.
Finalmente, causam preocupação as versões não desmentidas de que o governo de Alkmin e mesmo o de Temer, estejam planejando uma "aproximação" e um "entendimento" com os movimentos sociais articulados pelo PT, com o intuito de supostamente desarmar suas motivações políticas. A esse respeito, nada existe de tão mal pensado. Quaisquer concessões aos petistas e aos membros dos chamados “movimentos sociais” de esquerda, poderão ser um tiro no pé. Pois, como Clausewitz ensinava, concessões não enfraquecem o inimigo, apenas fornecem-lhe mais pólvora para seus canhões...
(*) Adolpho Lindenberg é analista político.