Fevr. 2, 2003: revista Guaracabuya, Internet. Fevr. 3, 2003: Agência CubDest. Fevr. 9, 2003: El Mercurio, Santiago de Chile. Febr. 15, 2003: Libertad Digital, Madrid.
3º Fórum Social Mundial: gigantesco "catalizador" revolucionário
O presidente brasileiro Lula, em discurso ante os participantes do evento, reconheceu que sua meta é impulsionar o esquerdismo e o socialismo no mundo inteiro
O 3º Fórum Social Mundial de Porto Alegre (janeiro 23-28, 2003) consolidou-se como um dos maiores e mais poderosos "catalizadores" revolucionários da História, um novo Leviatã cujos ativistas mais influentes têm o objetivo de expandir o socialismo em nível mundial. O conceito do FSM enquanto "catalizador", para recuperar o "papel histórico da esquerda socialista", foi usado pelo filósofo marxista húngaro István Mészáros, que teve destacada participação no 3º FSM, onde lançou seu livro "O século XXI: socialismo ou barbárie?" As cifras, por si mesmas, impressionam, duplicando as do 2º FSM efetuado no ano passado: 100 mil ativistas representando 5.717 organizações não-governamentais (ONGs) de 156 países, em torno de 1.300 seminários, conferências e oficinas, boa parte dos quais abordando temas dedicados a "desconstruir" os fundamentos da civilização cristã.
O sociólogo brasileiro Emir Sader, membro do conselho internacional do Fórum Social Mundial, manifestou que em 2003 a "esquerda latino-americana" tem uma oportunidade histórica única para impulsionar transformações socialistas no continente, alentada pela vitória de Luiz Inácio Lula da Silva e de Lucio Gutiérrez no Equador, e pela perspectiva de triunfos eleitorais de esquerda em outros países da região. Segundo Sader, um dos mais influentes e radicais dirigentes do movimento contestatário, "2003 promete ser o ano mais importante para o continente desde 1973" quando, com a queda do marxista chileno Allende, "se consolidou a virada para a direita, com o fracasso das últimas tentativas de esquerda".
O próprio presidente brasileiro Sr. Lula da Silva, em discurso improvisado ante dezenas de milhares de participantes do FSM que o ovacionavam, confessou sua meta de impulsionar o esquerdismo e o socialismo no mundo inteiro: "Tenho a nítida noção do que a nossa vitória representa de esperança, não apenas aqui dentro, mas para a esquerda em todo o mundo e sobretudo para a esquerda na América Latina". Acrescentou estar consciente da "da esperança que os socialistas do mundo inteiro têm no sucesso do nosso Governo" e deixou entrever um preocupante ânimo intervencionista internacionalista: "Espero dar minha contribuição para que outros companheiros ganhem as eleições em outros países do mundo".
Depois de condenar o chamado "bloqueio" norte-americano ao regime de Cuba, e sem dizer uma palavra sobre a causa do drama cubano, que é o brutal "bloqueio" interno imposto pelo comunismo ao povo de ilha-cárcere há 44 anos, o presidente Lula concluiu em um tom quase messiânico: "O Fórum Social Mundial é o maior evento político realizado na História contemporânea. E eu não tenho dúvida nehuma de que ele vai contribuir, de forma decisiva, para que a gente mude a História da Humanidade".
Todavia, graças a Deus, nem tudo corre sobre trilhos para os membros do 3º FSM e seu publicitário aliado, o presidente Lula. Por exemplo, o desprestígio internacional da "revolução bolivariana" do presidente Chávez, da Venezuela, transformou-se quase em um pesadelo para as esquerdas. O próprio Lula reconheceu com inusual franqueza, chegando a sugerir que se Chávez caísse, ele poderia ser o próximo: "Amanhã será minha vez "...
Nos próximos artigos transcreveremos entrevistas e testemunhos inéditos de participantes do 3º FSM, que revelam suas metas, planos e estratégias, seus segredos mais guardados, suas dificuldades e seu "calcanhar de Aquiles".
Nota importante:
A série de artigos sobre o 3º FSM, que hoje começa, tem como objetivo a análise de alguns dos aspectos mais destacados de tal evento, sem pretender esgotar o tema. Essas análises, juízos e conclusões que se efetuem, não pretendem abarcar indistintamente o conjunto dos 100 mil participantes, mas aqueles mais representativos, dinâmicos e influentes que, durante o evento assumiram uma atuação nitidamente revolucionária. A base documental usada inclui entrevistas, transcrições de conferências, seminários e oficinas, notícias oficiais distribuídas pelo comitê organizador do 3º FSM, textos difundidos pelos participantes e informações de imprensa.
Próximo artigo da série:
* Fórum Social Mundial: as "redes", suas metas e estratégias
- Táticas denominadas "liliputianas" e de "invisibilidade" dão aparência de espontaneidade ao que na realidade constitui uma gigantesca articulação contestatária
- Objetivos de curto e medio prazo para Europa, Estados Unidos, América Latina e Índia
Alguns dos temas que também serão abordados:
* Fórum Social Mundial e Venezuela
* Movimento Sem Terra: radicalidade, cabeça fria e mística
* Cuba comunista no Fórum Social Mundial
* Fórum Social Mundial: o dilema do "voluntarismo"