* Coluna CH, "Caminho da liberdade"

* Leandro Mazzini, Repórter JB, "Cubano quer reunir a família"

* Coluna CH, "O silêncio brasileiro"

* Agência Anhangüera, "Ministro negociará visita de pai a Cuba"

 

Agosto 16, 2002: Jornal de Brasília, Brasília (DF)

Caminho da liberdade

Coluna Claudio Humberto / Poder, Política e Bastidores

Após milhares de apoios, inclusive da Câmara de Campinas, SP (onde mora), da OEA, e da União Européia, finalmente o físico cubano Juan López Linhares recebeu sinal positivo do Itamaraty, que tenta com a embaixada do Brasil em Cuba permissão para que veja o filho de três anos. E volte.

 

Agosto 13, 2002: Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ)

Cubano quer reunir a família - Físico não consegue ver mulher e filho

Leandro Mazzini, Repórter do JB

O cubano Juan López Linares, de 31 anos, poderia estar comemorando a boa fase de sua vida no Brasil. Há cinco anos longe do seu país, doutor em Física pela Universidade de São Carlos (SP), com especialização na Europa, atualmente faz pós-doutorado na Unicamp, em Campinas. Humilde, López não se gaba do currículo, mas o que considera mais precioso em sua vida está a milhares de quilômetros de seu pequeno apartamento no Brasil: o filho Juan Paolo López Fialho, 3 anos, - que sequer conhece pessoalmente - e a mulher, Ileana Fialho, 29, que tem a guarda da criança, em Havana.

No domingo, Dia dos Pais, López ficou sozinho em casa. Podia ser diferente, como ele pretende há quatro anos. O físico está sendo impedido pelo governo de Cuba de voltar para ver o filho, que só conhece por fotos. ''Saí de Cuba em 1997, para a Itália, com visto de um ano no passaporte, e minha mulher foi me visitar. Preferi continuar estudando e vim para o Brasil. Ela voltou para Cuba e teve nosso filho em abril de 1999. Com todo esse tempo longe do país, não posso entrar mais em Cuba, e ela não pode sair de lá'', comenta López.

Há dois anos, o cubano tenta reverter a situação no consulado de Cuba em São Paulo e na embaixada, em Brasília, sem sucesso. ''Nem me deram respostas'', protesta. Procurados pelo Jornal do Brasil, o consulado cubano, em São Paulo, e a embaixada, em Brasília, não quiseram comentar o assunto.

López confessa que gostaria de trazer o resto da família para o Brasil: ''Já me sinto um pouco daqui.'' Filho de motorista e de uma professora de física, cresceu na Ilha da Juventude, próximo a Havana, onde os pais vivem hoje.

Conta ter conhecido Ileana na capital cubana, mas evita entrar em detalhes. ''Ela é enfermeira'', resume. Cauteloso, prefere não comentar o regime comandado por Fidel. Revela, contudo, que já leu um dos best-sellers do compatriota Pedro Juan Gutiérrez - que é censurado naquele país. Em narrativas chocantes, o escritor conta em ficção o cotidiano sofrido de seu povo. ''Ao cubano só resta a salsa, o rum e o sexo'', cita Gutiérrez em um de seus livros. Para Juan López, porém, sobra ainda a esperança de abraçar um filho distante.

 

Agosto 13, 2002: Jornal de Brasília, Brasília (DF)

O silêncio brasileiro

Coluna Claudio Humberto / Poder, Política e Bastidores

Enquanto aguarda um pronunciamento da Comissão de Direitos Humanos da Câmara e do governo brasileiro, o físico cubano Juan López Linares, estudante em Recife, recebe apoio da Comunidade Européia. O presidente da CE, o italiano Romano Prodi, vai acionar a entidade no Caribe, para que Juan possa ver o filho de três anos, em Cuba. E voltar.

 

Julio 1o., 2002: Agência Anhangüera, Campinas (SP)

Ministro negociará visita de pai a Cuba

Vilma Gasques / Agência Anhangüera

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Lafer, iniciará gestões com Havana (Cuba) para tornar possível a visita do estudante de pós-graduação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Juan López Liñares, ao seu país, onde poderá conhecer seu filho, Juan Paolo, de 3 anos. A nota do Ministério, publicada no último sábado também apresenta a denúncia feita para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pelo jurista cubano Cláudio Benedí Beruff, um dos fundadores da entidade, sobre o caso de Liñares.

Acusado de ser um traidor da pátria e sem ter como voltar para Cuba, o estudante vive um drama imposto pelo regime de Fidel Castro. A opção por sair de seu país para avançar nos estudos fez com que o estudante tivesse que deixar a família, mas a separação do filho é o que mais angustia o cubano, que gostaria apenas de poder entrar e sair de sua país sem ter problemas. O filho nasceu em Cuba e por isso, também não é autorizado a sair do país.

Liñares saiu de Cuba para fazer pós-mestrado em Física na Itália. Depois de concluir o curso preferiu vir para o Brasil, onde fez doutorado na Universidade Federal de São Carlos e agora, pós-doutorado na Unicamp. O crime do estudante, previsto no regime de governo de Cuba, foi ter saído de seu país por um período superior a um ano. Para voltar é preciso ter um autorização, já requerida três vezes e negada pelo consulado de Cuba em São Paulo, por conta de um agravante.

Como o cubano já está fora do país há mais de cinco anos, seu crime é ainda maior e por ter violado os controles migratórios, é comparado a um seqüestrador de avião, principalmente por ser considerado um funcionário desertor do governo, já que, apesar de não ser contratado pela Universidade de Havana, era professor de Física para biólogos na instituição.

Desta forma, ele foi considerado criminoso por abandonar uma missão oficial do governo.

Como se não bastasse a proibição de voltar para seu país, a sua família também não foi autorizada a vir para o Brasil. Liñares tem autorização para ficar no Brasil, mas não pode voltar para seu país.

Liñares é bolsista da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) até o próximo mês de dezembro, mas o período de permanência no Brasil pode ser ampliado.