A UE "muito preocupada" por detenção em Cuba de dissidente cego
Funcionário do governo cubano nega a existência de violações de direitos humanos na ilha, porém uma agência católica denuncia aumento da perseguição religiosa
BRUXELAS Julho 16, 2002 (DI) - A Comissão Européia está "muito preocupada" com a detenção em Cuba do advogado cego e militante cristão, Dr. Juan Carlos González Leiva, afirmou o dinamarquês Poul Nielsen, comissário europeu de Ajuda Humanitária. "A Comissão Européia está seguindo o caso de perto", acrescentou o alto funcionário, explicando que a situação do Dr. González passou a ser "supervisionada" diretamente pelo Grupo de Trabalho sobre Direitos Humanos da UE em Cuba, um organismo integrado por diplomatas das embaixadas dos Quinze sócios da UE em Havana.
O Dr. González Leiva, presidente da Fundação de Direitos Humanos de Cuba, está preso desde 4 de março pp. na Prisão de Segurança do Estado de Pedernales, Holguín, a 300 km. de Ciego de Avila. Nesse dia, junto com 7 defensores de direitos humanos e um jornalista independente, tinham ido visitar outro jornalista, Jesús Alvarez Castillo, agredido horas antes por membros da Segurança do Estado e hospitalizado em consequência dos ferimentos que recebera. Junto ao jornalista ferido, efetuaram um ato de protesto pacífico proclamando em alta voz: "Viva Cristo Rei! Viva Cuba Livre! Vivam os direitos humanos!". Pouco depois, foram selvagemente golpeados por agentes da Segurança do Estado e por grupos paramilitares. Em González Leiva, os golpes lhe provocaram um ferimento de quatro pontos na cabeça. Todos continuam detidos sem que lhes tenham formulado acusações concretas.
Uma denúncia sobre a perseguição religiosa de que está sendo objeto o Dr. González, com torturas psicológicas e físicas que puseram sua vida em grave risco, foi lançada recentemente pela Coalizão de Mulheres Cubano-Americanas e retransmitida ao mundo inteiro pela Agência Católica de Informações (ACI).
Em Havana, a chancelaria cubana alega desconhecer o Dr. González Leiva e a prisão onde se encontra detido. O Lic. Jorge Bousoño González (jorbocu@yahoo.com), um funcionário do Ministério das Forças Armadas (MINFAR), negou enfaticamente que exista perseguição religiosa em Cuba, ou que haja presos políticos: "Ninguém por ser 'cristão' é afrontado; e a nenhum dos miseráveis oportunistas que lhes deu por promoverem-se como 'ativistas de direitos humanos', se lhes persegue nem estão presos".
Todavia, a agência romana Zenit, em despacho em Havana, acaba de divulgar um informe da associação Ajuda à Igreja Necessitada onde se afirma que "novos ventos de repressão sopram contra a liberdade religiosa e a presença católica em Cuba"; e que quatro anos e meio depois da visita do Papa, "a situação piorou notavelmente na ilha".
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Tradução: Graça Salgueiro