Marzo, 2001: revista Catolicismo, Brasil. Febr. 21, 2001: Diario Las Américas, Miami

Fórum Social Mundial de Porto Alegre:

laboratório da subversão

Gonzalo Guimaraens

O denominado Fórum Social Mundial (FSM), realizado em Porto Alegre de 25 a 30 de janeiro passado, não conseguiu esconder, desde os primeiros instantes, suas garras revolucionárias e sua verdadeira face pró-comunista. Nele tiveram marcante atuação delegados do Movimento dos Sem-Terra (MST), de Cuba comunista, das narcoguerrilhas colombianas, do PC do B, do PT, da CUT e de teólogos da libertação.

Abertura com ovação a Cuba comunista

A sessão inaugural do Fórum Social Mundial deu-se na 5a feira, dia 25, no auditório do Centro de Eventos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com capacidade para 4 mil pessoas, o qual ficou lotado. O público excedente foi distribuído em outros auditórios localizados em diversos pontos da cidade, de onde pôde acompanhar o evento por um sistema de teleconferência com monitores de televisão e telões.

O francês Bernard Cassen, editor-chefe do "Le Monde Diplomatique" e um dos idealizadores do evento, proclamou aos 15 mil participantes – entre os quais membros das delegações provenientes de 122 países, da Albânia ao Zimbábue – o que foi o lema do encontro: "Estamos aqui para mostrar que um outro mundo é possível". Poucos instantes depois, quando uma prolongada ovação saudou a delegação comunista cubana e palavras-de-ordem foram se sucedendo – acompanhadas por uma platéia eufórica, em favor dos guerrilheiros zapatistas do México e da narcoguerrilha FARC da Colômbia –, tornou-se evidente qual era esse "outro mundo" de tonalidade carregadamente vermelha, desejado por boa parte dos assistentes.

Atriz seminua declama textos revolucionários

Após diversos delegados fazerem uso da palavra, encerrou a sessão a atriz negra Celina Alcântara, com a parte superior do corpo completamente desnuda. Rodeada de um grupo de pessoas apresentadas como desempregados e sem-terra que agitavam bandeiras, e ao som de uma batucada interpretada pelo grupo Afro Tchê, ela declamou um texto do sociólogo marxista uruguaio Eduardo Galeano . O conteúdo do referido texto, de acordo com a assessoria de imprensa do FSM, interpreta fielmente o "desejo de mudança na prática das relações humanas". Nele se descreve um mundo futuro no qual triunfarão o igualitarismo ("não haverá meninos ricos", "ninguém morrerá de fome, porque ninguém morrerá de indigestão" etc.) e o permissivismo moral ("a Santa Madre Igreja corrigirá os erros das Tábuas de Moisés e o sexto mandamento ordenará que se festeje o corpo") .

Marcha sob retrato de Lenine

Terminada a sessão de abertura, seguiu-se a denominada "Marcha Contra o Neoliberalismo e Pela Vida" pelo centro de Porto Alegre, promovida pelos comitês de organização do FSM, que calcularam os participantes em 15 mil pessoas.

Bandeiras com a foice e o martelo, retratos de Lenine, brados em favor de Cuba comunista, das guerrilhas colombianas e do Movimento dos Sem-Terra (MST) deram a tônica caldeada e efervescente da manifestação, que durou cerca de duas horas e contou com a presença, do Governador do Estado, Olívio Dutra, e do Prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, ambos do PT .

Oficinas subversivas

Na 6ª feira, 26, tiveram início nas amplas instalações do Centro de Eventos da PUCRS e em outros auditórios espalhados pela cidade, as numerosas conferências e as 400 oficinas (definidas pelos organizadores como painéis de "debates, apresentação de experiências, articulações orgânicas e agendas de lutas") sobre os mais variados temas políticos, sociais e ecológicos, que continuaram até 2ª feira, dia 29.

Não se pode afirmar que todas essas oficinas tenham tido uma orientação subversiva, pois uma parte delas abordava assuntos técnicos, educacionais ou estritamente ambientais. Mas ficou claro que as mais dinâmicas e concorridas oficinas, e as que deram o tom do evento, foram as de caráter revolucionário, como as intituladas "Resistência armada ao neoliberalismo – Alternativas de Poder Popular na América Latina e África", organizada pelo Instituto Olga Benário Prestes; "Política Neoliberal e Conflito Armado", coordenado pela denominada "Vicaría del Sur – Diócesis de Florencia"; e "Plano Colômbia", coordenado pela ONG ATTAC, do Rio de Janeiro.

Guerrilhas colombianas

No Sábado, dia 27, o número de participantes inscritos nas oficinas relacionadas com a "resistência armada" foi tal que os organizadores decidiram juntá-las no Teatro do IPE, que ficou completamente lotado com mais de 300 pessoas. Muitos outros não puderam entrar por falta de espaço. A estrela do evento foi um guerrilheiro colombiano das FARC que, apresentando-se com o pseudônimo de Javier Cifuentes, fez um apelo a lutar para "a construção do único regime destinado a levar a felicidade à espécie humana, que é o socialismo". Ele afirmou que "as FARC estão completamente certas de que o século 21 é o século do socialismo, é o século da América Latina" . O guerrilheiro, que não revela o nome registrado em seu passaporte, define-se como um "diplomata das FARC" e garante que recebe tratamento diplomático no Brasil, apesar de o Itamaraty não reconhecer a representatividade das guerrilhas. Esclareceu também que foi "a organização do Fórum" que convidou as FARC a participar do mesmo.

Desprezo da Terceira Via

Na conferência "Como construir um sistema de produção de bens e serviços para todos?", o economista egípcio Samir Amin, diretor do Fórum do Terceiro Mundo, de Dakar, qualificou como "um zero" a chamada Terceira Via das social-democracias européias e afirmou que só é possível pensar e atuar "numa perspectiva socialista". Na mesma conferência, o economista argentino Jorge Benstein também atacou a Terceira Via: "Não admitimos a humanização do capitalismo, mas a sua aniquilação pelo socialismo". E aproveitou para prever "a eclosão de revoltas populares na América Latina", em países como Argentina, Bolívia e outros.

Che Guevara, apologia da violência e greve internacional

No painel "Os fundamentos da democracia e de um novo poder", seu presidente, o bem conhecido revolucionário argelino Ahmed Ben Bella, prestou uma homenagem a Che Guevara. Deixou claro qual o tipo de democracia e de novo poder almejado por ele ao afirmar que está "pronto a pegar em armas" contra o sistema de propriedade privada.

No painel organizado pela Central Única dos Trabalhadores do Brasil (CUT), com a presença de representantes sindicais das Américas, Europa e África, o vice-presidente da CUT da Bahia, Álvaro Gomes, conclamou as entidades presentes a organizar ações de resistência simultânea em vários continentes, propondo protestos de rua e uma greve, ambos em âmbito internacional, ainda este ano .

"Renascimento" da teologia da libertação

O painel "Como fortalecer a capacidade de ação das sociedades civis" foi presidido pelo sacerdote belga Françous Houtart, um dos principais expoentes da teologia da libertação, que durante muitos anos assessorou Fidel Castro e continua sendo um visitante freqüente de Cuba. O Pe. Houtart anunciou que a teologia da libertação "já está experimentando um renascimento na América Latina", beneficiada pelo agravamento das crises no continente. E fez um apelo às esquerdas moderadas no sentido de que não adianta tentar reformar o sistema de propriedade privada, mas que a única saída é sua "destruição total". Eis suas palavras: "Aqueles que acham que é possível reformar o sistema capitalista, ao invés de lutar pela sua destruição radical, não fizeram até o fim o balanço do sistema. Não entenderam ainda que o capitalismo não pode mudar sua natureza".

Outros teólogos da libertação que participaram em panéis e oficinas foram D. Tomás Balduino, presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), ligada à CNBB, Frei Betto e o ex-frei Leonardo Boff .

Fórum Parlamentar Mundial

Também no contexto do FSM, foram inaugurados dois eventos simultâneos de envergadura, gerenciados por agentes de esquerda como o I Fórum Parlamentar Mundial – com mais de 400 parlamentares representando cerca de 30 países – e o Fórum de Autoridades Locais – ao qual compareceram 150 representantes de prefeituras da América Latina, Europa e África . O Fórum Parlamentar, em sua declaração final, anunciou a constituição de uma "rede internacional" de parlamentares para "sustentar" a ação das ONGs reunidas no FSM e para "agir permanentemente" de maneira que suas plataformas de esquerda tenham "uma verdadeira tradução legislativa".

Cuba comunista: um "símbolo"

As ovações aos membros da delegação cubana, na abertura do FSM e em outras conferências e oficinas nas quais participaram, foram adequadamente qualificadas pelo jornalista gaúcho José Barrionuevo como "a maior contradição do evento", pois trata-se de "aplausos a opressores" do povo cubano .

Mas não foi essa a opinião de numerosos dirigentes e participantes do FMS quando solicitados a explicar essas ovações. Francisco Whitaker, um dos principais organizadores do FSM e secretário-executivo da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, órgão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), afirmou enquanto aguardava, num dos auditórios da PUCRS, a chegada de Ricardo Alarcón, Presidente da Assembléia do Poder Popular de Cuba e eminência parda do regime comunista: "A resposta a esse apoio é muito simples. Primeiro, porque Cuba é um símbolo. E segundo, por sua situação atual, que exige solidariedade". Para o italiano Riccardo Petrella, professor da Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, as ovações à delegação comunista "são uma homenagem ao mito que representa, ainda que a realidade de Cuba não seja inteiramente conforme ao mito. As pessoas têm necessidade de mitos. Se ruir o mito de Cuba e o mito do Che Guevara, o que resta?"

Segundo o sacerdote colombiano Olivério Medina, representante das guerrilhas colombianas FARC no Brasil, "Cuba é a prova de que a História não acabou e é a prova de que o capitalismo não é a panacéia para a humanidade, e sim o socialismo. Cuba comunista é como uma irmã que brilha com luz própria. Posso dizê-lo, pois morei em Cuba".

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) interpretou esses aplausos como "um sentimento de solidariedade a Cuba muito importante", país onde, segundo ele, "são respeitados os direitos à educação, à saúde e às necessidades básicas". E o Prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, do PT, tentou justificar esse apoio afirmando: "Creio que há uma simpatia muito grande pelo povo cubano que fez uma revolução muito importante. É obvio que há na esquerda pessoas que querem apoiar a revolução cubana".

Acampamentos da Juventude e dos Povos Indígenas

No marco das atividades do FMS, no Parque da Harmonia, na zona oeste de Porto Alegre, às margens do rio Guaíba, foram montados dois acampamentos: o Acampamento Intercontinental da Juventude, onde ficaram hospedados mais de mil e quinhentos jovens dos cinco continentes, e o Acampamento dos Povos Indígenas, com 600 índios, oriundos de diversos Estados do Brasil. Numa grande lona, chamada "Espaço Confederação dos Tamoios", realizou-se durante os dias do FMS, uma programação subversivo-conscientizadora, dirigida a indígenas e aos jovens presentes. Nos acampamentos, membros do PT, do PC do B, da UNE (União Nacional dos Estudantes) e outros ativistas dirigiam a programação. Segundo a assessoria de imprensa do FMS, a prefeitura, através da Secretaria Municipal de Cultura e da Secretaria Municipal de Saúde, distribuiu 10 mil preservativos, principalmente aos estudantes. E o jornalista Thomas Trautmann, da "Folha de S. Paulo", constatou "cheiro de maconha" no local, sem que a polícia adotasse qualquer medida .

Nos bastidores do FSM

Como surgiu a idéia do Fórum Social Mundial (FSM) e a conseqüente coordenação de suas complexas atividades, agendas e programas, durante seis dias, de milhares de representantes de ONGs do mundo inteiro? Essa enorme estrutura poderia ter brotado da noite para o dia, de maneira espontânea, como cogumelos após a chuva? Estas são algumas das perguntas surgidas no FSM, para as quais procuramos obter respostas dos próprios organizadores.

O empresário paulista Oded Grajew, 56 anos, "de esquerda e filiado ao PT", reconhece ser o inspirador do FSM e um de seus organizadores. Em fevereiro de 2000, encontrou-se ele em Paris com Francisco Whitaker, secretário-executivo da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, da CNBB. E ambos transmitiram a proposta a Bernard Cassen, editor-chefe do "Le Monde Diplomatique", uma pessoa ativa na área dos movimentos ditos sociais.

"Cassen entusiasmou-se com a idéia", conta Whitaker. Grajew retomou a palavra para explicar o objetivo do Fórum: "Enfrentar os problemas com os quais a humanidade se depara hoje, protestar contra as violações de direitos e, mais do que isso, apontar caminhos e soluções possíveis, além de mostrar experiências concretas já desenvolvidas em torno de idéias que melhorem a qualidade de vida". O petista Grajew não explicou por que razão as "experiências concretas" de Cuba comunista e das narcoguerrilhas colombianas, marcadas pela violência revolucionária e pelas mais brutais violações de direitos, encontraram tanta aceitação e realce no FSM. E tampouco explicou, que nos conste, de que maneira a "experiência concreta" e as "idéias" do comunismo cubano têm melhorado a "qualidade de vida" do povo da ilha-cárcere.

Porto Alegre, laboratório social: fascínio das esquerdas

E por que a escolha de Porto Alegre, sugerida por Bernard Cassen? Seu colega, o editor de "Le Monde Diplomatique", Ignacio Ramonet, respondeu, citando um artigo de Cassen: porque Porto Alegre, sob controle do PT, "transformou-se, nos últimos anos, numa cidade emblemática. Capital do Estado de Rio Grande do Sul, o mais ao sul do Brasil, na fronteira com a Argentina e o Uruguai, Porto Alegre é uma espécie de laboratório social que os observadores internacionais olham com um certo fascínio". E concluiu, exclamando: "O novo século começa em Porto Alegre!"

Comitê Brasil, organizador do FSM

Sandra Carvalho, assessora de imprensa do Fórum, lembrou que, em 28 de fevereiro, após retornar de Paris, Grajew e Whitaker apresentaram seu plano a dirigentes da própria Comissão Brasileira de Justiça e Paz, da CUT, do MST, da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG), do Instituto Brasileiro de Análises Sócio Econômicos (IBASE) e de outras três entidades, as quais formaram o Comitê Brasil Organizador do FSM. A partir de então, articularam-se "redes de apoio" e "comitês de mobilização" em 22 países: nove redes nas Américas, três na África, três na Ásia, três na Europa e uma na Oceania. Assim, segundo ela, em junho do ano passado, 520 ONGs internacionais e 630 ONGs brasileiras formaram o Comitê Internacional de Apoio ao Fórum, integrando uma gigantesca rede de mobilização. Foi devido a essa rede que, no dia da abertura, puderam estar presentes 131 delegações de 122 países. Durante as conferências e oficinas participaram 16 mil pessoas, número que superou a previsão dos organizadores, que esperavam 10 mil assistentes .

E como explicar o financiamento dos colossais gastos do evento? Além das subvenções de peso por parte do governo estadual e da prefeitura de Porto Alegre, ambos em poder dos petistas, Sandra Carvalho mencionou entre outras: a Fundação Ford, norte-americana, a Fundação Novib, holandesa, e a Fundação Heinrich Böll, alemã.

Fórum Social Mundial e Fórum de São Paulo

É importante notar que várias entidades e ONGs brasileiras, que contribuíram para a organização do FSM, foram as mesmas que se engajaram, em 1992, na organização da ECO-92 (paralela ao evento oficial), no Rio de Janeiro, marcada por clara orientação eco-revolucionária. Também merece ser ressaltado que movimentos, sindicatos e partidos como o MST, a CUT e o PT, junto com os guerrilheiros das FARC e representantes de Cuba, também fazem parte do Fórum de São Paulo (FSP). O FSP foi criado em julho de 1990, na capital paulista, pelo PT, a pedido de Fidel Castro. Tal fórum, preocupado com o desmantelamento do império soviético, pôs em relevo a necessidade de uma articulação das esquerdas revolucionárias nas Américas . Estamos, pois, em presença de uma verdadeira internacional pró-comunista que usa várias entidades e redes de ONGs como fachadas.

"Arquipélago planetário de resistência"

O que ficou claro no Fórum Social Mundial foi a exteriorização em grande estilo de um poder mundial, paralelo e sobreposto às nações, articulado pelas ONGs, embora sem nenhuma representatividade comprovada. A não ser a auto-representatividade com que as mesmas se apresentaram e que certos influentes órgãos da mídia lhes outorgaram. Mas com poder suficiente para influenciar a fundo a política mundial.

São as chamadas ONGs da 2ª geração, como as denominou o jornalista Roberto Savio, diretor da agência de notícias italiana IPS. Explicou ele que tais ONGs abandonaram a exclusividade dos temas ambientais para se ocuparem da política internacional. E acrescentou que hoje já são capazes de "obrigar" governos a assinar acordos e tratados sugeridos por elas. Estamos, assim, em presença de um "arquipélago planetário de resistência", como o definiu um documento oficial do FMS . Não é a primeira vez que tal poder paralelo se manifesta. O que se viu no Fórum Social Mundial foi a mesma máquina revolucionaria atuante na ECO-92, realizada no Rio de Janeiro, com o acréscimo de quase uma década de experiência.

Seria grave erro de cálculo considerar que, por serem minoria, os participantes do FSM e as ONGs que o integram podem ser subestimadas. Pois, num mundo caotizado e fragmentado do ponto de vista moral, ideológico etc., uma minoria organizada, rica e atuante pode ser decisiva para impor rumos aos acontecimentos.

ONGs e "zonas liberadas"

Nesse jogo, as ONGs da esquerda mais radical não precisam – e suspeitamos que não lhes interessa – lançarem-se com vistas a tomar de imediato o poder político neste ou naquele país. Pois isso acarreta, entre outros aspectos, o desgaste inerente ao poder. É política e psicologicamente muito mais rentável, para elas, atuar como grupos de pressão sobre os governos, as elites moralmente depauperadas e o povo aturdido das nações contemporâneas.

Nesse quadro, teriam maior utilidade, para tais ONGS, a constituição de bolsões revolucionários dentro dos próprios países, espécies de "zonas liberadas" como as que existem na Colômbia, em mãos dos guerrilheiros e, no Brasil, nos acampamentos do MST; e como tendem a ser as demarcações indígenas. A partir dessas "zonas liberadas" podem atuar sobre as autoridades de seus respectivos países, com similares mecanismos de pressão psicológica e política com que as ONGs internacionais atuam sobre as entidades internacionais. Exemplo disso foi o que aconteceu no teledebate entre membros do Fórum de Porto Alegre e os do Fórum de Davos, na Suíça. Os primeiros figuraram como defensores dos pobres (na realidade, enquanto partidários do socialismo e do comunismo são co-responsáveis pela miséria de milhões de pessoas em dezenas de países); e os segundos, acuados, e não sabendo (ou não querendo) dizer essas verdades, acabaram sendo expostos como os "vilões" do debate.

Prestidigitação e mídia

É preciso dizer que, sem o apoio e a cobertura da mídia, o jogo de prestidigitação político-psicológica das ONGs esquerdistas jamais poderia dar-se. A mídia funcionou como amplificadora, sem a qual as mencionadas redes de ONGs ficariam muito reduzidas na sua influência. Também é de se perguntar se esse jogo de prestidigitação e chantagem seria possível sem que dirigentes de governos, de grandes conglomerados econômicos e de organismos internacionais como os reunidos em Davos, se prestassem a esse jogo, ainda que indiretamente. É sabido que certas grandes fundações e empresas multinacionais financiam ONGs revolucionárias. Já mencionamos, por exemplo, algumas das que financiaram o próprio FSM.

Como "furar o balão" publicitário do FSM

"Furar o balão" publicitário do FSM e das ONGs revolucionárias é relativamente fácil. Bastaria para isso, da parte das elites sãs, existentes em todas as classes sociais, um esforço de denúncia, dispostas a não se deixarem intimidar. Nessa denúncia, seria indispensável mostrar, de maneira documentada, em primeiro lugar, como as esquerdas radicais dominaram o FSM e outros similares. Ademais, seria preciso mostrar a artificial e exagerada cobertura da mídia, que transformou essas ONGs num mito publicitário. Em terceiro lugar, seria necessário apontar como os membros dessa rede de ONGs mantêm um silêncio cúmplice sobre o fracasso do comunismo enquanto sistema sócio-político-econômico, o qual, com sua negação da propriedade privada, conduziu à miséria os povos onde se implantou; tendo sido ademais responsável por 100 milhões de mortes no século XX! Seria preciso ainda denunciar que hoje o comunismo oprime 1 bilhão e 300 milhões de pessoas na China, em Cuba, no Vietnã e na Coréia do Norte.

Tal como já foi mencionado, Ignacio Ramonet, de "Le Monde Diplomatique", afirmou que, em Porto Alegre, nasceu o novo século... A julgar pelo visto e ouvido no Fórum Social Mundial, se o século XXI realmente nascer desse evento de Porto Alegre, ele será marcadamente comunista e revolucionário. Que Nossa Senhora dos Navegantes, Padroeira da capital do Rio Grande do Sul, se compadeça do Brasil, das Américas e do mundo, e não o permita!

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